Moçambique contava, até ao ano de 2022, com cerca de 17,6 milhões de mulheres, com uma esperança média de vida de 60 anos, segundo os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE). No entanto, o envolvimento feminino no ensino superior e no mercado de trabalho continua a revelar profundas assimetrias, apesar de alguns avanços registados em áreas específicas.
Texto: Dossier económico
De acordo com o Inquérito ao Orçamento Familiar (IOF 2022-2023), 82,6% das mulheres ocupadas no País estão envolvidas em actividades tradicionais como a agricultura, silvicultura e pesca, sectores que continuam a constituir o grosso da economia informal nacional. Por contraste, apenas 0,8% trabalham na indústria de manufactura e 0,9% em serviços administrativos e de apoio.
Sectores como energia e construção continuam a registar participação feminina quase nula, evidenciando a exclusão das mulheres de áreas tecnológicas, industriais e de infraestruturas — segmentos considerados estratégicos para a transformação económica.
Desigualdade também se reflecte no ensino superior
As estatísticas do Ensino Superior de 2023, compiladas pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES), apontam para uma concentração das mulheres em áreas tradicionalmente associadas ao género feminino.
Em Educação, por exemplo, encontram se 26% das estudantes matriculadas, e em Negócios, Administração e Direito, o número sobe para 38,1%.
Por outro lado, a presença feminina nas Tecnologias de Informação e Comunicação é de apenas 0,9%, e em Engenharia, Produção e Construção, 6,7%. As Artes e Humanidades acolhem 2,5% das mulheres, enquanto as Ciências Sociais registam 9,9%.
Um dos poucos campos em que a presença feminina se destaca é o da Saúde e Bem-Estar, com 9,7%, seguido pelas Ciências Naturais, Matemática e Estatística, com 2,7%.
Analfabetismo limita transformação estrutural
Um dos principais entraves à integração das mulheres em sectores mais diversificados da economia continua a ser a elevada taxa de analfabetismo. Em 2022, 49,2% das mulheres com 15 ou mais anos de idade eram analfabetas, o que compromete directamente a sua inclusão em oportunidades académicas e profissionais de maior rendimento.
Apesar de alguns progressos em áreas como a saúde e as ciências sociais, o cenário geral permanece dominado por uma participação desequilibrada das mulheres na economia e no ensino superior, o que exige políticas públicas mais robustas e focalizadas na educação, formação técnica e igualdade de género nos sectores produtivos
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Mulheres têm baixa participação na tecnologia e indústria
abril 16, 2025
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