Desde 1994, ano em que Moçambique adoptou o sistema multipartidário, nenhuma eleição terminou num ambiente verdadeiramente festivo. Pelo contrário, todas foram marcadas por contestações, maioritariamente protagonizadas pelos partidos da oposição. Para mudar este cenário, o Presidente da República, Daniel Francisco Chapo, pretende lançar um debate nacional que envolva todos os estratos sociais, incluindo os partidos políticos.
Texto: Anastácio Chirrute, em Inhambane
Na óptica do Chefe de Estado, não faz sentido que, volvidos mais de 30 anos de democracia multipartidária, o País continue a viver momentos de instabilidade sempre que se realizam eleições. “É um problema que, através do diálogo, pode ser superado”, afirmou.
“Vamos iniciar um debate nacional com todos os sectores da sociedade. É preciso perguntarmo-nos: porque razão passaram-se 30 anos de democracia multipartidária – de 1994 a 2024 – e nunca tivemos uma eleição que terminasse sem confusão”, sublinhou Chapo.
A solução, segundo o Presidente, passa por “sentarmo-nos como irmãos, como moçambicanos, e encontrarmos juntos possíveis caminhos”.
“Temos de debater o que está mal. Qual é, afinal, o verdadeiro problema? Todos devemos ter voz. Se há algo errado, é necessário corrigir, para que um dia possamos viver eleições em que o vencedor é felicitado, com um simples telefonema, pelo derrotado, que regressa à sua casa, senta-se à mesa, partilha uma refeição e aguarda pelas próximas eleições”, ilustrou.
Daniel Chapo recorreu ao exemplo do futebol para sustentar a sua mensagem: “As equipas de futebol são mais unidas. Cada uma sabe aceitar o seu resultado, sem semear ódio nem violência contra o adversário. Temos de entender que, na política, não existem inimigos – apenas adversários. Tal como no desporto, o Ferroviário de Inhambane não é inimigo do Temusa de Massinga; são apenas adversários. Podem entrar em campo, uma vencer por 5-0 e a outra perder, mas no final dos 90 minutos, com o apito do árbitro, o jogo termina e ambas regressam às suas casas, à espera da próxima partida. Nenhuma permanece em campo a jogar sozinha.”
Por isso mesmo, o Presidente reiterou a necessidade de os partidos políticos combaterem a cultura do ódio e da violência. “Quem semeia o ódio, colhe o ódio”, advertiu. “Devemos semear o amor ao próximo, promover a harmonia, a paz e a estabilidade política, económica e social, garantindo segurança e desenvolvimento para o nosso país.”
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Chapo: “É urgente questionarmo-nos sobre as razões pelas quais as eleições terminam em confusão”
abril 17, 2025
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